29 de setembro de 2005

Grito

>>Escuta: O vento - Los Hermanos
>>Pensa: É, tenho TPM
>>Sente: Que a TPM me deixa mais sensivel do que gostria
>>Sonho do dia: Estar lá


Um grito
Um grito fosco e opaco
Um pouco ecoado
Grito de dor
Grito de saudade de quem mora longe
Grito de quem se faz longe
Mas está bem pertinho
Grito de parto,
De vida e partida
De um novo começo
Um grito de perda
De falsa lembrança
Um grito pra que nunca mais se lembre
O porquê do grito forte.
Grito de quem gosta de dor
Do já feito e meio no desespero,
Foi rápido.
Grito de quem grita sem saber
Grita por vontade
Grita por motivo que esconde.
Ou grito, de quem se sente só
No mundo de um só grito
Que grita por amor
De um alguém que nunca grita
(Machuca o ouvido).
Grito pra quem é surdo, mas sente a vibração
Sabe de onde vem e que pára ali.
Grito pra quem não sabe o que dizer
E ao não saber o que dizer grita pra chama atenção.
Um grito pela paz, pelos fatos.
Grito pro comida
Grito de quem chama alguém no portão
E sem saber porque, o alguém não aparece
Porque grita em casa com parente distânte
No outro lado do telefone
Que grita porque não tem leite no armário.
Grito de fada, como em conto de fadas,
Assim como nas fábulas também há grito
De quem esta longe, perto ou só quer atormentar.
Eu, você, todo mundo grita.
Não se sabe porque, mas a gente grita pra ser ouvido
Pra ter a certeza de ser ouvido
Ou só pra tentar nos enganar pensando que gritando
Ganhamos respeito do povo, que nem no palanque
Em dia de eleição
Quem grita é porque não ouve
E se grita é por medo de não ser levado a sério.

Eu?
Eu grito por ser ignorado
Grito com força de todos esses gritos juntos
Porque se grito é pro meu bem
Bem assim que foge e desaparece
Tão rápido e agudo quanto um grito.

10 de setembro de 2005

Eu amo meu computador!

>>Escuta: The Libertines - I Get Along
>>Pensa
: O que houve pro meu pc estar tão bom?!
>>Sente
: Quentinho aqui e que vai no show dos Strokes, ninguém me segura!
>>Sonho do dia
: Comer trufa de menta



Faze-se tempo

Se de repente tudo se fizesse mentira, e o meu adeus pudesse se transformar em um breve tchau. Assim talvez, tudo se fizesse mais fácil e de uma forma irônica mais verdade e infinito. Poderia contar sobre os fatos ocorridos na manhã passada, os momentos da tarde que foi tirada e a noite de ontem que foi refeita, poderia contar tudo isso. Se de repente o momento não existisse - ele já não existe mesmo - nós que insistimos em cria-lo, pobre momento, nunca deixado em paz em seu leito.
Eu que nunca sei bem porque me dá essas idéias na mente e escrevo de forma tão despojada e frenética. Faz-se em tão o tal momento e viva-te meu bem-querer. De pétalas brancas, rosto pálido e calças desajustadas. Faz-se então um rei, de ninho podre e leito belo, faz-se momento.
E se nada disso tudo fosse verdade e esse nada fosse a resposta? E se os loucos fossem os mais puros e verdadeiros momentos? O que faríamos agora? Sacudiríamos a cabeça de medo ou procuraríamos a farmácia mais próxima? Talvez procurássemos o momento, já que existe sem existir e todo mundo procura, mas nunca entende, seja você então o seu momento. Cria-te meu rei e minha rainha, faz-se flor e água benta.
De repente, nem o meu fato existe, nem minhas letras, nem esses meus pensamentos, afinal como posso provar pensa-los se ninguém os têm? E assim, se faz as mentiras, se não os podem provar como prova-los?
Pensamentos, sempre eles. Parecem-nos tão infantis, inofensivos e fantásticos, no entanto sempre culpados. Juro que não foi eu que os mandei ser assim, não sou eu a criadora deles e nem de seus fatos e momentos. A mim nada disso existe, apenas se aparenta ser verdade, já que também não pertenço a esses padrões criados a todo instante por alguém mais distante que esse Deus que acreditam.
Meus versos são mais verdadeiros e sólidos que os momentos, que não passam de recordações, não podemos ter os mementos, apenas relembra-los, pois como dizer no exato momento? Logo, meus versos que não são nem pensamentos falsos, que podem ser a qualquer momento discutíveis e nem momento que não passam de imaginação: são bem mais reais!
Falando como Clarice, eles são claramente “puro it”, e isso o senhor me desculpe e me perdoe, mas não há o que discutir!
E é nesse exato momento do meu fato que falaremos sobre mim, que sem egocentrismo nenhum, mas bonita não hei de ser. E já que não sou bonita, não falaremos de mim e sim de um outro alguém qualquer. O frio, por exemplo! Um estado de energia baixa, que eu não suporto, ele realmente me dá calafrios, me afugenta, me deixa assim, meio rabugenta, sonolenta e friorenta. Fora à dor que dá. Pra mim o frio está estritamente relacionado a dor e a dor de forma negativa. Porque esse meu Eu meio inconseqüente gosta de dores, mas não de dor de frio, parece-me padecer o corpo e repelir as pessoas. É, acho que não gosto mesmo de frio.
Falaremos então de outra coisa, não gosto de falar sobre coisas desagradáveis, gosto de coisas discutíveis e não plena coisa plena não tem graça, já repararam?
Que nem, não tem graça planejar uma viagem, não tem graça escolher alguém para amar, não tem graça escolher o signo do seu filho, não tem graça tanta coisa. E todas elas com certeza são plenas. Coisa plena me lembram aquelas pessoas que sentam na frente na sala de aula. Bem, não todas, mas a maioria delas são plenas demais, sistemáticas e estatísticas. Nada contra você que me lê e senta na frente, ou sentava, vai lá se saber. Até eu mesma gostava de vez em quando de me sentar na frente. O que me incomoda é que sempre se sentam no mesmo lugar, falam apenas com as mesmas pessoas, isso me irrita. Ou melhor, não tem a menor graça. Gosto do inconstante, inconstante que nem os pensamentos. Gosto de gente não plena, gente que inventa moda, mas que nunca ta na moda. Gente que pula amarelinha com trinta anos só pra tentar lembrar o gosto da infância, gente que ri estranho e espirra engraçado. Gosto de gente sem humor definido, mas de um jeito ou de outro sempre bem humorado. Gosto de gente amiga e inconstante! Gosto de gente que erra.
Quem não erra não aprende! Eu gosto de errar. Às vezes até erro com gosto de errar só pra aprender e acertar. Essas pessoas plenas que planejam tudo são umas chatas, e falo mesmo! Sabe, elas não erram e quando erram não contam, nem para compartilhar de seus erros com os outros para que ninguém os cometa, sempre egocêntricos! Gosto de gente que diz seus defeitos e dá muito valor a suas virtudes, gente que pede desculpas e fala obrigado sem parecer falso ou hiper-educado. Gosto de gente simples e espontânea, gente assim: que nem eu, e que nem você que me lê, você deve ser inconstante do contrario nem me conheceria.
Gente que interage é legal, as pessoas que interagem sempre são meio doidinhas, isso é bom. Brasileiro interage até com sogra chata, interage com padeiro, com frentista, com madame ou vendedor de sofá. Brasileiro interage tanto que conversa até com assaltante. Acho bom que conversem mesmo, assim ficam sabendo dos motivos pelos quais o levaram a fazer isso. Passam a entender o porquê da sociedade ser assim: podre!

Eu sinceramente procuro avaliar com frieza os “marginais” e quando digo frieza me refiro sem botar meus sentimentos. Tento não ver como as pessoas os vêem, posso até ser chamada ou maluca, ou “a salvadora de assassinos”, mas se eles fizeram isso é por algum motivo. Como disse alguém, em um monólogo que um dia assisti: “Ninguém se suicida sozinho”. Logicamente injustificável, mas há um porquê! - Com certeza momentos eles tem de monte -. Se talvez não tratássemos a violência com tanta violência, conseguiríamos cessar essas aberrações. Outra solução – a que mais gosto pra ser bem sincera – é o extermínio de nossa raça, que ao meu ver é a mais inferior de todas, pelo menos no estado que nos encontramos. E me incluo no extermínio, não fugiria. Mas acho que nós (seres ditos racionais) ainda temos solução, será difícil e longa de ser alcançada, mas há. Só basta querermos acha-la. Parar de querermos tantos momentos e procurarmis mais fatos e ações. Se fazer mais presente nos momentos fatídicos e mais ausentes nos momentos passados.


Segunda-feira, 05 de setembro de 2005.