23 de fevereiro de 2009

Se eu fosse um ser...

Eu
Eu escolhi saber
Eu escolhi dizer
Eu escolhi viver

Não escolhi ser bunda
Não escolhi ser cara
Não escolhi ser peito

Não escolhi ser paga
Não assim

Escolhi ensinar
Escolhi amar
Escolhi aprender

Não escolhi ignorar
Não escolhi esconder
Não escolhi pagar

Não assim

Escolhi reclamar
Escolhi assistir
Escolhi perceber
Escolhi amar
Escolhi ser amada
Escolhi deixar ser

Não escolhi ser manipulada
Não escolhi ser outra qualquer
Escolhi ser
Ser o que for
Seja lá o que

Ser

Escolhi ser
E apenas ser
Ser todas as coisas
Todas as coisas que me deixarem ser

Escolhi o amor
Escolhi o mundo
O mundo de coisas
Onde não se mede forças
O mundo da natureza
Onde tudo se respeita
Onde o ruim
O ruim é aquele que vai contra
O que lhe cabe
Eu
Só fico com o que me cabe
E o que me cabe
É ser.

17 de fevereiro de 2009

É tudo uma questão de ponto de saída.

Como eu poderia não ama-la? Logo eu, que sempre que sinto saudades de ti, busco nos livros suas palavras que me acalmam e me inebriam: é você clandestina de mim que vive sem que eu a conheça, mas a sinta. É você Clarice, minha dona, invisível guia dos meus olhos: é você meu absurdo abstrato. Não sei e sei de onde vem tudo isso: é que estamos em comum acordo. Somos ambas claras e bruscas. Clareamos e escurecemos as essências intimas dos seres humanos: o nosso eu. Não quero ser você, longe de mim querer ser Deus: dá muito trabalho. Não me canso de ti, mas me canso sempre de mim e fico dias na cama a fim de que forças me cheguem. Sou tão má escritora que não sou capaz de contar estórias como fez você. Sou tão má escritora que não sou capaz de criar personagens: não sei dividir e dar nomes a coisas minhas.