21 de janeiro de 2008

Mais um dia sem ninguém

Como é bom estar sozinho
Sem ninguém no meu caminho
Como se eu fosse eremita
Ou tivesse naufragado

Sem disputas no escritório
Sobre certo e errado
Sem barulho de TV
E como é bom gritar

Mais um dia sem ninguém
Nunca me senti tão bem
Mais um dia sem ninguém
Pena que vai acabar

Benção, sorte ou maldição
Agradeço a condição,
De estar sozinho estar melhor
Que mal acompanhado

Até parece que é recalque
Ou um disparate
E pode mesmo parecer
Mas é tão bom gritar

Mais um dia sem ninguém
Nunca me senti tão bem
Mais um dia sem ninguém
Pena que vai acabar

Pena que vai acabar...

Mais um dia sem ninguém
Nunca me senti tão bem
Mais um dia sem ninguém
Pena que vai acabar

Mais um dia sem ninguém...



Deprimente Sacha, deprimente

8 de janeiro de 2008

Tell 'em that God's gonna cut 'em down

A velha casa, com seus mesmos hábitos e derivados. Com as suas velhas formas erosivas e as mesmas histórias já passadas. Com todos os seus cômodos comuns, suas vestimentas comuns, seus jeitos e olhares comuns. A mesma e velha construção de quase 11 anos atrás. Não tão velha no papel, mas que para mim já está cansada, a casa.


Não quero esperar por mais nada, mas irei. Parece-me que esperar é destino comum de todos os meus erros. Parece-me que a fragilidade comum das coisas e cores repletas pela casa é que me enguiçam, fazem com que continue a esperar. Pois é a casa que me enraizou e não me deixa mudar, partir. Foram sem tempo os meus pertences, minhas lágrimas e talvez alguma lembrança. Não creio que a culpa da minha espera e não mudança seja tão exclusivamente minha e só minha. É a casa. A casa com seu 12 no canto esquerdo indicando, por assim dizer, seu nome. É a casa com toda a sua indicação e suas coisas e coisas e coisas – quanta coisa.
Quando me mudar, já faço mil planos, mas talvez morra aqui – tudo menos isso. Morrer nessa casa de sombras, barulhos e velhos vizinhos, a mesma vizinhança, não me cabe. Ah, não me cabe. Posso até jurar que nela sinto-me quase que sua prisioneira, sinto-me vigiada por uma casa sem vigia. Dá calafrios. Mas espero.
Corto os cabelos, os coloro, mudo de hábitos, estilos, tom de pele, tamanho, voz. Mas a casa permanece estática. Um dia talvez ela se torne uma quase que saudosa lembrança. Mas em quanto isso não ocorre, espero. Espero um avião cair, a música estourar as janelas, um ladrão invadir, alguém morrer – espero. Tomara que me mude para uma casa cujo nome seja 11. Nossa, mas como seria feliz em uma casa assim. Já até pensei em trocar o 2 pelo 1 aqui em casa. Mas pensei em todo o transtorno que eu iria causar ao carteiro e etc. Desisti. Talvez não importe o que haja, “I’m still right here”.