18 de setembro de 2008

Shirley


Então está bem
Eu não lhe disse nada disso
Não fiz nada disso
Nem era eu
Fato é que nem sei do que se trata
Fiz sem saber o que fazia
Na verdade
Na verdade
Sabia
Mas você sabe que já não me importo mais
Na verdade
Na verdade
Eu prefiro esquecer
Ou então entender como algo mais passado
Entenda
Não é repulsa
Nem arrependimento
É simplesmente
A minha sabedoria
De saber quando as coisas
Não estão bem para o meu lado
E digo isso
Claro
De forma ampla
Não só sobre o ocorrido
É verdade
É verdade
Mas pelo os desdobramentos
(Principalmente)
Que me fez ver
Eu
É
Você ganhou.

É mentira e ousadia dizer
Qualquer coisa contraria ao que disse agora
É tolice pensar
Que eu não sei o que faço
Que eu não sinto o que faço
Que eu não vejo o que vocês fazem

Não sou surda
Não sou cega
Não sou insensível
Não sou tola
Não sou desatenta
Não sou tantas coisas

Mas oras
Vejam vocês
Pensaram então que eu era
Ou melhor
Pensaram então que eu era tudo isso que vocês viram
Ah, mas oras
É claro que não sou
Tão tola não seria eu de ser
Tão imatura
Embora vocês achem que eu seja
Tão embora
Tão embora

Doce solidão é essa
Sábia noite que me deleita
E que sacramenta a minha verdade profunda
Eu uso de truques
E vocês caem
Caem, pois acreditam nos meus truques
Tão banais tais
Tão banais
Como vocês.

Eu, apesar de tudo que vocês pensam
Não sou banal
Nem sou burra o suficiente para agir assim
Sem que seja de caso pensado
Mas tudo bem
Mudarei então
Serei eu
E vocês
Terão de carregar esse fardo enorme então
Que é
Conhecer-me.