8 de janeiro de 2008

Tell 'em that God's gonna cut 'em down

A velha casa, com seus mesmos hábitos e derivados. Com as suas velhas formas erosivas e as mesmas histórias já passadas. Com todos os seus cômodos comuns, suas vestimentas comuns, seus jeitos e olhares comuns. A mesma e velha construção de quase 11 anos atrás. Não tão velha no papel, mas que para mim já está cansada, a casa.


Não quero esperar por mais nada, mas irei. Parece-me que esperar é destino comum de todos os meus erros. Parece-me que a fragilidade comum das coisas e cores repletas pela casa é que me enguiçam, fazem com que continue a esperar. Pois é a casa que me enraizou e não me deixa mudar, partir. Foram sem tempo os meus pertences, minhas lágrimas e talvez alguma lembrança. Não creio que a culpa da minha espera e não mudança seja tão exclusivamente minha e só minha. É a casa. A casa com seu 12 no canto esquerdo indicando, por assim dizer, seu nome. É a casa com toda a sua indicação e suas coisas e coisas e coisas – quanta coisa.
Quando me mudar, já faço mil planos, mas talvez morra aqui – tudo menos isso. Morrer nessa casa de sombras, barulhos e velhos vizinhos, a mesma vizinhança, não me cabe. Ah, não me cabe. Posso até jurar que nela sinto-me quase que sua prisioneira, sinto-me vigiada por uma casa sem vigia. Dá calafrios. Mas espero.
Corto os cabelos, os coloro, mudo de hábitos, estilos, tom de pele, tamanho, voz. Mas a casa permanece estática. Um dia talvez ela se torne uma quase que saudosa lembrança. Mas em quanto isso não ocorre, espero. Espero um avião cair, a música estourar as janelas, um ladrão invadir, alguém morrer – espero. Tomara que me mude para uma casa cujo nome seja 11. Nossa, mas como seria feliz em uma casa assim. Já até pensei em trocar o 2 pelo 1 aqui em casa. Mas pensei em todo o transtorno que eu iria causar ao carteiro e etc. Desisti. Talvez não importe o que haja, “I’m still right here”.

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