22 de dezembro de 2007

Estou de partida, João

A vida que poderia ser e não foi
Os amigos que poderiam ser e não foram
O ar que poderia ser e não foi
A música que poderia ser e não foi

O meu repleto ditado de coisas claras
Que poderiam ser e não foram

Meu canto, meus dedos, minha letra
Tudo agora faz parte de mim
Tudo o que poderia ser e não foi
Tudo o que foi e poderia ter sido
Tudo o que não deveria ser e é
Tudo o que tudo diz ser e é

Antes fui pequena, agora sou mais velha,
Ainda jovem, porém.

Os fatos postos e escritos à mesa
São meros devaneios da vida
Que pudera ser e que não foi e que foi.

A parte disso,
Parto da vida sem mais o que esperar
Ou ter
Parto sem deixar casa,
Terra, navio ou cão
Parto para meu despertar
Parto para poder descansar

O que foi, foi
E o que há de ser não tem problema
Vou-me embora para qualquer lugar
Que me sirvam silêncio,
Poucas pessoas, comida farta que não engorde

Fico aqui sem ficar por aqui
Estou de partida

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