11 de novembro de 2011

Há Dúvida?

O texto a seguir é de autoria própria baseado nas teorias Bergsonianas. Teve como base os livros de Henri Bergson: "O Pensamento e o Movente"; "Matéria e Memória", "A Evolução Criadora".

Há certeza? Certeza de que, do que, de quem? Talvez, só haja certeza da própria certeza? Definitivamente não. A certeza está ai, andando pela rua, é a duração e não o tempo. Mas é da certeza que se parte da dúvida? A dúvida é menos que a certeza? De que certeza é essa que falo e de que dúvida é essa que digo se não das totais. Tenho certeza que nunca comi bacon na vida até hoje, nunca comi. Mas compreendo nunca ter comido bacon porque nunca soube ter ingerido, ou por que tenho certeza a partir do momento em que nunca soube ter comido? A certeza tem a sua duração, ela existe enquanto conceito, entendimento humano, mas não como certeza absoluta, total. Ela só é certeza em sua duração de compreensão.
Pois, se a certeza existe enquanto duração, o que será da dúvida se não uma desconfiança da certeza? Eu posso ter duvida de que um dia eu tenha comido bacon sem nunca ter pensado se tenho a certeza de que não comi? Não. Porque meu raciocínio lógico foi treinado para antes ter certeza, antes da dúvida já há certeza e então, por que começar a duvidar? Por que interromper a duração da certeza? Porque essa certeza foi capturada, ou melhor, houve uma tentativa de captura da certeza e nesse momento, ela deixa de existir. Ao mesmo tempo que penso “eu nunca comi bacon”, penso na lógica de que “eu nunca comi bacon, que eu saiba”. Eu já amei, mas amei de verdade, o que é amor? - Penso eu. É uma rede fina, próxima, maleável que me leva à dúvidas infinitas a partir de certezas que tentaram ser capturadas, se entrelaçando e formando uma malha interligada.
A dúvida não é a duração, a dúvida é o rompimento da duração, a lacuna, uma falsa duração de certeza que logo se quebra. A dúvida é o prolongamento da certeza com capturas, ligações de certezas. Como uma linha, onde a linha é a certeza e os pontos amarrados para unirem-se e formar a linha, são as dúvidas. Embora ainda assim, a certeza pareça maior que a dúvida, por ser durável, ela é menor. A dúvida é mais que a certeza por desvelar novas certezas e novas dúvidas, é como um quarto espelhado por todos os lados, chão, teto, sem porta ou janela. A dúvida é que permite a duração da certeza e que se autopermite continuar a duvidar.

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