14 de dezembro de 2005

Brinquedos de madeira

>>Escuta: 51 - Tequila Baby
>>Pensa: Aíiii, esses dias que se passam
>>Sente: Talvez o tempo não é tão bom assim
>>Sonho do dia: Um pouco mais de ação


Orvalhos. Observaram meus dias, minhas horas que fugiram e se recolhem quando eu parto. Incrível, parecia verdade, verdade de sonho, daqueles bem longos e conscientes. Sonho de uma noite de verão que fora tão bom que até em sonho parecia-me surreal.
Brinquei de ser criança em quartinho de empregada que nunca vi. No sonho também cantava Chico, que parecia canção de ciranda. Sorria com tanta facilidade que até nem doía às bochechas, como geralmente ocorre.

Escutei abrirem a porta, olhei. Era um garoto, assim, criança como eu. Talvez um ano vai velho, deveria ter seis anos. Ele era clarinho, doce, sorriso meigo e cabelos bem cortados. Olhou pra mim e perguntou se poderia brincar comigo e que não achara mais nenhuma criança pelos outros cômodos do apartamento. Eu, logicamente feliz por achar outra criança, logo sorri o meu sorriso escrachado dizendo - Venha cá!
Ele se sentou ao meu lado, olhou-me com aqueles olhinhos pequenos e brilhantes e começou a brincar comigo.
Houve um momento em que nossas mãos se encostaram (queriam nos ver juntos) e como mamãe sempre me ensinou a ser educada, disse rápido repelindo – Desculpe-me! E ele ao mesmo tempo disse a exata palavra e fez o mesmo gesto. Sorrimos e continuamos a brincar com os tocos de madeiras pintadas de cores diversas e a montar várias formas: carros, parques, homens, animais.
Mas estava faltando uma peça, uma pecinha vermelha, onde estava?
Começamos a procurar, sem ela a casa não teria chaminé, não ficaria completa e nós não ficaríamos satisfeitos!
-Achei!
Os dois disseram juntos e corremos em direção a ela. Quando nos abaixamos para pegá-la nossas testas se beijaram e sem querer e sem saber o que aconteceria, nossos lábios se encostaram e um sentiu o calor do outro. Ambos sem saber o que havia acontecido direito nos separamos rápido e ficamos nos olhando. Esperando que algum de nós dissesse algo, mas eu realmente não sabia o que dizer e se soubesse não saberia como. O calor dele era bom. Só nisso que pensava. Ele olhou para baixo, desviou meu olhar e saiu pela mesma porta que entrará de cabeça baixa. Antes de cruzar o batente da porta olhou para trás lentamente, ergueu a cabeça e disse olhando pra mim, nos meus olhos:
-Agora tenho que ir. Foi bom te conhecer.