9 de fevereiro de 2005

Se escrevo é por amar


Escrevo porque gosto de escrever.
Escrevo às vezes porque não sei o que e como dizer.
Escrevo para desabafar, brincar, fantasiar.
Escrevo por desespero do ter que ficar calado e a angustia do dizer.
Escrevo sem pensa.
Escrevo por amor: amor a mim, amor à escrita e amor a ti.
Escrevo para tentar esquecer que também erro, também acerto.

Escrevo-me no papel:

Rabisco sem saber que o que escrevo nada mais é do que um retrato de
[mim mesma.]

Escrevo por medo,
Por medo de alguém ler,
Por medo do que serei capaz de escrever,
Por medo de não saber ao final de minha escrita por que comecei a

[escrever.]

Escrevo na esperança de me achar,

De me perder
E de me esmagar.
Escrevo por acreditar que se escrevo é só para me acalmar,
Mas a verdade é que se escrevo
É para não me calar,
Para não me esquecer.

A cada linha escrita uma nova virá,
A cada letra pensada um novo caminho posso traçar,
E a cada estrofe decorrida um novo destino posso esperar
Dessa minha sina de amar.
Sobre esse meu descaso com a vida,
Com esse meu intuito de clareza a cada folha perdida,
A cada minuto perdido pelo silêncio da escrita.

O escrever nada mais é do que a vida:
Só,
Sem volta,
Com passado
E grande, muito grande.
O escrever atravessa os séculos,
Os dogmas, as mentiras, as verdades...
Atravessa todo o ser,
Ser esse que se mata e amaldiçoa como se todos tivesse o poder da

[bruxaria.]
Como se todos fossem realmente donos de si,
Como se tudo fosse seu e só seu seria de ser,
Pois se não fosse seu de quem seria?

Talvez do nada, e como alguns dizem:
O nada é o tudo.

Escrever é mentir, chorar e sorrir.
Se perder em labirintos imaginários de outra pessoa
E nem se quer se dar conta disso.
O ato escrever é tão grandioso como o de ler:
Quem lê também é só (embora algumas vezes compartilhasse

[desse momento),]
Ler também é penetrar no que outro ser sentiu e pensou,
Ler também é uma forma de viver,
Aprimorar, refletir e traçar seu destino.
Mas acho que nem o ler é tão completo como o ato de escrever,
Escrever é mais forte, mais lendário, mais VIDA.

Acho que escrever é amar,
Você só escreve por algo que o toca de tal forma que você tem que
[dize-lo de alguma forma,]
Mas essa forma não cabe a fala, cabe somente a longevidade da escrita.
E eu que amo imensamente
Todas as coisas que cabem ao meu conhecimento,
Não posso deixar de escrever, escrever e escrever,
Pois só me cabe amar.


14/12/2001 2:00 AM