20 de outubro de 2004

Walk

>>Escuta: Generator - Bad Religion
>>Pensa: Na cabra dançando Funk
>>Sente: Que se as borboletas vôam eu também posso!
>>Sonho do dia: Empludir meu aparelho fixo


Do alto do palanque: O discurso

Tinha assas a ave-avestruz. Tinha um temor implícito no caminhar flutuante do lenhador. Eu naquele momento não olhava mais para os lados, só olhava à frente. Estava implícito o fato de ser correta a fala de meu discurso. Estava estagnada com as vésperas, estava eu parada observando a multidão gritando. Naquele momento a ave-avestruz não vivia mais. Eu olhava para cada olho que não me observava e sentia-me flor.
Alguns dizem que cheiro flores, em outros dizem ser nulo o olfato. A música que tocava em cima do palco não me agradava e nem o fato da eleição. Eu naquele momento mórbido de pura ambigüidade não sabia o que dizer aqueles que gritavam sem saber o porquê.
Então em um momento suicida disse:
- Vocês gritam meu nome, mas não olham em meus olhos. Como podem dizer acreditar em alguém que não se olha nos olhos? Como posso eu ficar quieta ao observar-vos tão “animalmente” se declararem sem se quer me reparar?
Nesse momento fui interrompida. Meu assessor pergunta se estou louca. E eu bruscamente respondo com um não ecoante que ultrapassa a caixa de som e os ouvidos alheiros e prossigo...
Não sou louca! Estou mais sã do que esses que aqui estão dividindo comigo o mesmo “trono”. Isso não deve estar certo, isso não pode estar certo!
Sim, eu posso prometer o mundo a vós. Posso dizer que tudo é lindo e que vossos olhos que são poluídos, mas essa talvez seria a maior mentira que eu lhes contaria. Então irei lhes dizer o oposto. Direi-lhes que isso não vai melhorar e que provavelmente cada dia será pior. E não será pior porque Deus quer. E não serei eu que poderei lhe ajudar a mudar esse rumo escabroso e sim vocês.
E lhes digo mais, digo-lhes que antes que vocês queiram que eu lhes ajude vocês precisam se auto-ajudar, se não de nada valerá o meu esforço.
Naquele momento então fui retirada do palanque velozmente pelos policiais, o povo ficou quieto. Dois ou três punks que me vaiavam me aplaudiram. Dois ou três que berravam: "Agora é Carla", agora vaiavam.
Depois disso nunca mais vi a luz. E ainda tem gente que diz que isso é democracia!