15 de julho de 2004

Ainda na casa da minha tia...

Membranas do passado

Naveguei nos cristais verdes do túnel que tinha ao fim do corredor, mas não voltei tão cedo. Algumas pessoas aguardavam-me meio inquietas, e eu me contagiei. Mas esse era apenas mais um sonho bobo e besta dentre os outros mais ridículos do que o mesmo. Você cantava sem parar, “Carbona”. Em uma melodia disparada e impertinente.
No fim do meu pensamento sem rumo fiquei estática perante a conclusão do meu ateu.
Ateu que havia em mim e eu sem se quer ver que era o que havia. Eu sem perceber que ele existia. Não me suportava a nua verdade e intensa ficção que eu buscava e não achava.
Mas o ateu se encontrava lá. Parado? Mordo? Dormindo?
Estava à espera do meu pensamento sem rumo para que ele pudesse se arrebentar no chão dos meus neurônios decepados.
Encontrei-me no dia seguinte com milhares de ateus cobertos pela poluição. Encontrei os criminosos do caso “sociedade, o assassinado".
Seriam eles os americanos? Não, pois eu também era uma americana.
Ah! Mas não era uma norte-americana. Era de raça “inferior” perante eles. Pois eles sabiam travar uma boa guerra. Sabiam como menosprezar e retroceder os poucos que tentavam subir.
Seriam eles então os alemães?
Não, nem Hitler seria capaz. Porque ele ainda sim tinha objetivos e distúrbios. Mas e eles? Os portugueses?
Sim! Eles, eles que colonizaram minha terra; Eles que dizem ter gritado e declarado minha mais bela independência; Eles que roubaram os nativos. Os lindos indígenas que viviam na plena beleza da anarquia; Eles que beberam das riquezas do Brasil com sua exploração.
Será que minha “ateniencia” deve-se a isso? Será?
Não, não apenas. Não sou mulher de ter apenas um motivo. E sim motivos. Motivos pelos quais cedo minha água. Economizo-a. Pois sei dos meus direitos de respeitar a mim e a todos que desfrutam do mesmo e que necessitam do que temos.
Não travo guerras, não exploro. Mas sou ateia. E isso é que é crime?
Crime? Isso?
Talvez na sua verdade seja... Mas na minha não passa de intensa verdade invisível. Não passa de algumas respostas que eu não poderei responder e não irei morrer por isso.
Eu ateio. Descobri isso cedo a tempo de não me corromper, de não me “vender”.
Besteira pode parecer meu cuidado com os outros, inutilidade para você. Mas para mim(ateia) tudo não passa de mal entendidos. Não passa de maçãs podres. Que um dia serão belas, limpas e límpidas.