22 de julho de 2004

Sebastian

Está dentro de mim. Resolverei eu. Não sei. Mas acho que chegou a hora de fazer algo. Parar de te esperar, achar que você vai voltar. Chegou à hora de buscar. De não chorar. Parar de dizer que sou fraca e inútil. Não vou te buscar no trem. Não, não vou. Chegou à hora de você descobrir sozinho o que quer. E acho que você percebeu isso. Eu tenho vários textos e uma incrível maquina de ironia. Não vou te esperar, já foi o suficiente. Mas se você acha que estou sendo injusta chegou sua vez de vir me buscar. Mas isso também não será feito.
Os carros estão passando. Posso ver você refletido em cada um deles. Posso sentir a dor do mendigo descalço no frio. Sensitiva? Imbecil? Dê o nome que quiseres...
Não vou me preocupar com seu olhar e isso irá doer. Vai doer porque amo você. Vai doer porque será difícil te esquecer, isso é se um dia eu consegui...
É sozinho escrever, é sozinho ser eu. Eu que não tenho amantes nem servos. Eu que nem sei o que é ser amada e isso nem me dói tanto mais.
Acho que devo perseguir... Devo perceber que não sou mais criança e isso será realmente difícil.  Porque o que mais queria era ser uma eterna criança. Dentro de mim sempre haverá uma, mas tenho que saber que chegou a hora de botar a mão na massa. De não te esperar. De não sentir mais medo do que já tenho.
Já li meu primeiro livro e recomendo: Água Viva - Clarice Lispector.
Terminei ontem às 2:11 da tarde do dia 21 de julho de dois mil e quatro.
Pode te parecer besteira, mas eu quero tentar mudar essa bosta. Essa ditadura mal feita. Quero e vou. Não preciso acreditar em Deus quando tenho a mim. Isso soa um pouco egocêntrico, mas não é. Você que não tem provas de que o que escrevo é o que sinto. Mas mesmo assim você acredita. Você.
Acho que devo morrer...
Com licença!