31 de maio de 2004

Sorriso Límpido

>>Escuta: My Hero(acustico) - Foo Fighter
>>Pensa: No que poderia estar pensando?
>>Gostaria, mas... Minha mão direita sempre gela

Sentei-me. Me acomodei lentamente na almofada que me parecia ligeiramente gelada. Estava estufada e resfriada, e não suportava aquele seu sorriso límpido. Tudo estava limpo demais para mim. De um jeito gritante eu tentava me acalmar, sem mexer as mãos que suavam.
Segurei-me forte, achava de fato que seria tenebrosa a visão abordada na saída do trem. Foi difícil lidar com o seu olhar fixo e suas bochechas rosadas do frio que fazia e do Sol que ameaçava todos os dias a sair, mas nunca dava o ar de sua graça.
Acalmei-me após alguns quilômetros. Mas sentia o cheiro do orvalho que estava lá fora me observando.
De fato esperava mais do que encontrei em Veneza. Esperava respostas que não achei; esperava cores que não vieram me buscar na decida do trem; esperava um grito repentino que me confundisse com alguém que fosse tão perdida como eu.
Quando avistei de dentro do táxi, que peguei quando desci do trem, aquele rosto perdido e dissimulado, pensei que me via. Pois me parecia um fugitivo da 3ª guerra mundial, era assim que me sentia, uma fugitiva de mim e de minhas lembranças.
Creio que a 3ª guerra mundial seja por isso, por ter muitas pessoas perturbadas com sigo e que isso a deixem seguir pessoas tão perdidas quanto elas.
E foi aí então que me peguei falando sozinha dentro daquele quarto de hotel barato que sonhei minha vida inteira.
Pensei no que seria de mim e de quem eu deixei para traz sem dizer que parti. Pensei no futuro que me aguardava e no passado que permanecia em minha sombra pálida.
E meu ultimo pensamento antes de adormecer foi: agora não há mais recomeço, não há mais passados e nem presentes. Agora só há a mim.