10 de agosto de 2004

No One Knows

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>>Pensa: Em vôar
>>Gostaria, mas... Não tenho asas!
>>Sonho do dia: Ser uma libelula




Passaram-se

Dias, mentiras, funerais, histórias e amor. Passaram cores e flores por aqui, passou vales e brindes. Meninos e mendigos, vésperas de natal e aniversários de pingüins. Passou meu amor, passou minha dor. Passaram-se datas e fabulas. “Quebrou-se o anel que tu me destes”, quebrou o som e o coro que cantava a trilha sonora desse filme de "comédia romântica". Passou carruagens e fadas me perguntando o que aconteceria agora. Passou um padeiro querendo saber a continuação e secretárias choronas falando do último capítulo. Passou as horas, o relógio gritou à meia-noite, queria saber onde me encontrar. Eu estava passando. Passando a existir, a esperar. Passaram-se crianças pelas ruas brincando. Passou a reprise do jogo de ontem. Fiquei em casa para ver a banda passar, mas banda não passou. E nada passou. Tudo parou de passar, e de chover. O Sol abriu e invadiu meu quarto as duas da manhã em busca de sua sombra perdida. A Lua ainda me encantava, mas o Sol roubou a cena. Quisera-me ser o Sol para invadir quartos. Quisera-me ser o que tu foste e assim eu seria o amor. Quisera-me fugir, mas a porta não se abriu.
Passou a vontade, passaram rindo os elefantes felizes por ver a água límpida. Põem a mesa de jantar porque já passou da hora de ir embora e passar a roupa. Passou o meu vagão. E meu amor agora é pagão, e não é "fogo que arde sem se ver". Não é "ferida que dói e não se sente", porque passou. Passaram-se os esquecidos e os deprimidos pela fome do camaleão. Não vou dizer-te meu bem. Vou cavar sem procurar restos e vestígios do teu: passaram-se.